segunda-feira, 18 de junho de 2007

ProUni divulga nome dos alunos pré-selecionados para receber bolsas


O MEC (Ministério da Educação) anunciou nesta quinta-feira a lista com o nome dos alunos pré-selecionados para receberem bolsas de estudos em instituições de ensino superior particulares por intermédio do ProUni (Programa Universidade Para Todos). O resultado pode ser conferido no site http://prouni-inscricao.mec.gov.br/prouni.

É necessário informar o número do CPF (Cadastro de Pessoa Física) e o de inscrição no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) do concorrente.

Segundo o MEC, o candidato deve procurar a instituição para a qual foi pré-selecionado com os documentos que comprovem as informações prestadas na ficha de inscrição entre a próxima segunda-feira (dia 18 de junho) até o dia seis de julho.

Quem foi selecionado para bolsa integral precisa comprovar renda familiar por pessoa de até um salário mínimo e meio (R$ 570). Para a bolsa parcial, de 50% do valor da mensalidade, a renda familiar por pessoa deve ser de até três salários mínimos (R$ 1.140).

O MEC informa ainda que a perda do prazo ou a não comprovação das informações por parte do candidato podem significar a reprovação. Em alguns casos, ainda segundo o ministério, algumas instituições submetem os candidatos pré-selecionados a um processo seletivo próprio, que pode ser diferente do vestibular.

Essa informação é fornecida ao candidato no momento da inscrição. Nesse caso, a instituição deverá comunicar o candidato pré-selecionado, com o prazo mínimo de 48 horas após seu comparecimento à instituição, e informá-lo a respeito dos critérios de aprovação. A instituição está proibida de cobrar taxas caso submeta o aluno pré-selecionado no ProUni a um processo próprio de seleção.

Repescagem

Se depois do período de confirmação ainda houver vagas disponíveis, devido à ausência de comprovação dos pré-requisitos dos primeiros pré-selecionados, o MEC divulgará uma segunda lista de alunos convocados a partir do dia 18 de julho.

Os bolsistas do Prouni deverão apresentar bom desempenho acadêmico para manter as bolsas. É necessário ter aproveitamento em, no mínimo, 75% das disciplinas cursadas em cada período.


Fonte: Folha Online

domingo, 17 de junho de 2007

Por que, por quê, porque ou porquê?

Melhor do que ninguém, deixo o Prof. Pasquale Cipro Neto nos ensinar o uso dos porquês:

Certa vez alguém me perguntou sobre o acento circunflexo presente num título de uma revista ("Você tem cheiro de quê?"). O acento é correto, já que esse "quê", que encerra uma frase interrogativa direta, é emitido tonicamente. Releia a frase: "Você tem cheiro de quê?". Percebeu? Quando vem no meio da frase, o "que" normalmente é átono, ou seja, fraco, e é emitido por boa parte dos brasileiros como se fosse "qui": "Quero o que você quiser". Notou? Quando emitido tonicamente, o "que" é acentuado, por ser monossílabo tônico terminado em "e". Isso normalmente ocorre quando o "que" encerra a oração.

Há outras situações em que se deve acentuar o "que", o que ocorre, por exemplo, quando a palavrinha tem valor de substantivo ("Ela tem um quê de magia") ou de interjeição ("Quê! Vocês por aqui?").

A pergunta que me fizeram sobre o título da revista me fez lembrar que é imensa a pilha de cartas de leitores que querem saber quando usar "por que", "porque", "por quê" e "porquê". Já tratei do assunto há um bom tempo, mas sempre vale a pena voltar a ele.

Aviso logo que o que vigora no Brasil não vigora em Portugal, quando o assunto é "por que", "porque" etc. Se você estiver lendo Saramago, por exemplo, esqueça o que verá neste texto. Não me parece que seja o caso de ver agora como se usa isso em Portugal. Esqueça também (e completamente) aquela velha história de que só se escreve "por que" ("separado", como se diz) quando há ponto de interrogação, e só se escreve "porque" ("junto", como se diz) quando não há ponto de interrogação.

Posto isso, vamos lá. Há basicamente dois casos em que se usa "por que". Num deles, pouco comum, temos a equivalência com as expressões "pelo/a qual", "pelos/as quais": "São indescritíveis os caminhos por que (= pelos quais) tivemos de passar"; "As teses por que (= pelas quais) luto nem sempre são compreendidas". No outro caso, o "por que" equivale a "por que razão", "por qual razão": "Por que (= por que razão, por qual razão) no Brasil não se consegue criar uma sociedade mais justa e equilibrada?"; "Faço questão de saber por que (= por que razão, por qual razão) você é tão áspero com ela".

Já o "porque" ("junto") introduz explicação ou causa do que se afirma: "Não vou porque estou doente"; "Não voto nele porque seus projetos sociais são pífios".

Como já afirmei, não é a presença (ou a ausência) do ponto de interrogação o que decide se é "junto" ou "separado". Veja este caso: "Você não foi porque estava doente?". O que se pergunta não é por que a pessoa estava doente, mas, sim, se a doença foi o motivo, a causa da ausência dessa pessoa. É por isso que, mesmo com ponto de interrogação no fim da frase, esse "porque" é "junto".

Note que às vezes é justamente a grafia ("junto" ou "separado") o que decide o sentido da frase: "Ninguém sabe por que ele não explicou"; "Ninguém sabe porque ele não explicou". No primeiro caso, ninguém sabe por qual razão ele não explicou, ou seja, desconhece-se o motivo de ele não ter explicado. No segundo, muda tudo. O fato de ele não ter explicado é o motivo de ninguém saber, isto é, as pessoas saberiam se ele tivesse explicado; como ele não explicou, continuaram sem saber.

E quando se coloca acento em "por que" e "porque"? É simples. No primeiro caso, basta que a oração termine ali: "Por quê?"; "Ele não vai, e ninguém sabe por quê". É "separado" porque equivale a "por qual razão" ("Por qual razão?"; "Ele não vai, e ninguém sabe por qual razão/por que razão"); é acentuado pelas mesmas razões que você viu no início do texto, quando da explicação do título da revista ("Você tem cheiro de quê?").

Para acentuar "porque" ("junto"), é preciso que essa palavra seja substantivo. Nesse caso, normalmente "porquê" acaba sendo sinônimo de "motivo", "causa": "Não entendemos o porquê (= motivo, a causa) da demissão do ministro"; "Ele não revelou o porquê (= o motivo, a causa) da renúncia".

Se você gosta de "curto e grosso", talvez seja possível resumir a história assim: quando equivale a "pelo/a qual", "pelos/as quais" ou a "por que razão", "por qual razão", grafa-se "por que" (com acento, se a oração terminar ali). Quando não, grafa-se "porque" (com acento, se for substantivo).

Não custa lembrar que é preciso tomar cuidado com o que se vê por aí em cartazes, rótulos, faixas, avisos públicos, textos publicitários etc. Muitas vezes, o que tinha de ser junto vem separado, e o que tinha de ser separado vem junto.

Coesão

É a organização entre os elementos que articulam as idéias de um texto.

Exemplo:

* Não coeso:

Ele é muito estudioso, porém sempre tira notas boas.

* Coeso:

Ele é muito estudioso, por isso sempre tira notas boas.

Conectivos

Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras.
Veja o exemplo:

Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura, porém chega a exportar certos produtos agrícolas.

No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois segmentos ligados existe uma contradição. Seria descabido permutar o porém pelo porque, que serve para indicar causa.

Relação dos principais elementos de coesão:

1) assim, desse modo: têm um valor exemplificativo e complementar.

A seqüência introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confirmar ou ilustrar o que se disse antes.

O Governador resolveu não comprometer-se com nenhuma das facções em disputa pela liderança do partido. Assim, ele ficará à vontade para negociar com qualquer uma que venha a vencer.

2) e: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona, acrescenta, algum dado novo. Se não acrescentar nada, constitui pura repetição e deve ser evitada. Ao dizer:

Tudo permanece imóvel e fica sem se alterar.

3) ainda: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão, ou para incluir um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer.

O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos são extremamente deficientes.

4) aliás, além do mais, além de tudo, além disso: introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar o golpe final no argumento contrário.

Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo inflacionário diminui consideravelmente seu poder de compra. Além de tudo são considerados como renda e taxados com impostos.

5) isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras: introduzem esclarecimentos, retificações ou desenvolvimento do que foi dito anteriormente.

Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em relação aos fatos, isto é, de seu não comprometimento com nenhuma das forças em ação no interior da sociedade.


6) mas, porém e outros conectivos adversativos: marcam oposição entre dois enunciados ou dois segmentos do texto. Não se podem ligar, com esses relatores, segmentos que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre significados implícitos no texto.

Choveu na semana passada, mas não o suficiente para se começar o plantio.

7) embora, ainda que, mesmo que: são relatores que estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento.

Trata-se de um expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário.
Observe o exemplo:
Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com abrigos confortáveis, pés velozes como o raio, olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o problema das injustiças.
Como se nota, mesmo concedendo ou admitindo as grandes vantagens da técnica e da ciência, afirma-se uma desvantagem maior.

O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupõe uma relação de contradição, que, se não houve, deixa o enunciado descabido.
Exemplo:

Embora o Brasil possua um solo fértil e imensas áreas de terras plantáveis, vamos resolver o problema da fome.

8. Certos elementos de coesão servem para estabelecer gradação entre os componentes de uma certa escala. Alguns, como mesmo, até, até mesmo, situam alguma coisa no topo da escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo, situam-na no plano mais baixo.

O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais, da ciência, do próprio semelhante, até mesmo do futuro e da morte.

ou

É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mínimo, a moradia, o alimento e a saúde.

Às vezes o conectivo tem seu uso inadequado de forma proposital, que revela um preconceito ou uma ironia. Mário Amato, ex-presidente da Fiesp, referiu-se à ex-ministra Dorothea Werneck desta forma:

Ela é mulher, mas é capaz. (Ironia)

Conexão

Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões.

A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto.

Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido.
Baseada no autor Othon Moacyr Garcia ("Comunicação em Prosa Moderna").

Prioridade, relevância:

em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (sempre em itálico), a posteriori (sempre em itálico).

Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade):

então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.

Semelhança, comparação, conformidade:

igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.

Condição, hipótese:


se, caso, eventualmente.

Adição, continuação:

além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).

Dúvida:

talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.

Certeza, ênfase:

decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.

Surpresa, imprevisto:

inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.

Ilustração, esclarecimento:

por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.

Propósito, intenção, finalidade:

com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.

Lugar, proximidade, distância:

perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

Resumo, recapitulação, conclusão:

em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo

Causa e conseqüência. Explicação:


por conseqüência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.


Contraste, oposição, restrição, ressalva:

pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que.

Idéias alternativas:

Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

Conexão de frases

Conexões entre frases geram períodos. As frases participantes de uma conexão são aceitáveis quando observadas isoladamente, exceto no caso específico das que apresentam verbo flexionado no modo subjuntivo. Vejamos um exemplo:

Ele acordou cedo e saiu para o trabalho.

São aceitáveis as frases desmembradas do período acima tomadas isoladamente:

Ele acordou cedo.
(Ele) Saiu para o trabalho.


As frases de uma conexão são sintaticamente independentes. A conexão é um elo semântico entre as frases que se estabelece pelo conectivo.
No exemplo anterior, as frases se ligam pelo conectivo e, que estabelece entre as duas uma relação semântica de adição lógica. Entende-se que os fatos relatados pertencem a uma mesma cadeia de acontecimentos sucessivos. Vejamos outro exemplo:
Ficou rico, mas não era feliz.

No exemplo, temos duas frases sintaticamente independentes, mas que do ponto de vista semântico e segundo a opinião do emissor, contrastam entre si. Ao conectar as duas frases pelo conectivo mas, o emissor quis passar a idéia de que uma vez rico, espera-se que seja feliz.

A conexão de frases é feita por razões semânticas. As conexões agregam sentido ao enunciado. Percebemos isso claramente na série a seguir:

Ele estuda gramática e escreve bem.
Ele estuda gramática, mas escreve bem. (Ironia)
Ele estuda gramática, logo escreve bem.

Comutatividade

Algumas conexões de frases são comutativas, outras não. Vejamos dois exemplos:

Penso, logo existo.
Existo, logo penso.


Pedro é arquiteto e Antônio é engenheiro.
Antônio é engenheiro e Pedro é arquiteto.


No primeiro par de frases, a comutação provoca uma alteração de sentido no período. No segundo par, não há restrição semântica de se comutar as frases.

A comutatividade das conexões de frase depende essencialmente da natureza do conectivo. O conectivo logo, por exemplo, não admite comutação, enquanto o conectivo e é tipicamente comutativo.

A comutatividade é limitada, em alguns casos, por razões semânticas.
Por exemplo:

Acordou cedo, tomou café e partiu para o serviço.

Soa estranho comutar as frases conectadas do exemplo.

Partiu para o serviço, tomou café e acordou cedo.

A limitação para a comutação, nesse caso, vem da expectativa que temos de encontrar as frases em uma ordem cronológica de desenrolar dos fatos.

Aceitabilidade das frases isoladamente

A princípio, todas as frases conectadas são sintaticamente independentes e aceitáveis quando tomadas isoladamente. Essa regra só encontra exceção em alguns casos de conexão em que na segunda frase encontramos o verbo flexionado em modo subjuntivo.
Os exemplos a seguir, contém frases aceitáveis isoladamente:

Voltei cedo do serviço porque estava com uma forte gripe.

Voltei cedo do serviço.
Estava com uma forte gripe.

Ao contrário, a segunda frase do próximo exemplo não é aceitável quando isolada.

Eu estaria tranqüilo se tivesse concluído o projeto.

Eu estaria tranqüilo.

Tivesse concluído o projeto.


Embora nesse caso a segunda frase não seja aceitável isoladamente, consideramos o conjunto como uma conexão devido a certos usos bastante peculiares dos tempos do modo subjuntivo, que acontecem somente em conexões de frase.

Conexões restrita e ampla

Cada coordenativo conecta duas frases do período, ou seja, media uma relação uma para uma.

Alguns coordenativos, porém, podem se repetir entre frases contíguas gerando uma conexão mais ampla entre várias frases.

O coordenativo ou, por exemplo, pode ser usado para conectar várias frases contíguas, bastando para isso, que se repita entre as frases. O resultado é uma conjunção de frases indeterminada em número.
Exemplo:

Ou viajo para a chácara, ou vou para o litoral, ou nem viajo no feriado.

O coordenativo mas, por sua vez, não gera conexões amplas entre frases contíguas. Vamos analisar um exemplo:

Ele era competente, mas não era pontual, mas não era assíduo, mas não era leal.

No período do exemplo, temos 4 frases. A interpretação mais adequada para ele, é considerar que as três últimas frases contrastam uma a uma com a primeira. Esse período poderia ser parafraseado da seguinte forma:

Ele era competente, mas não era pontual.

Ele era competente, mas não era assíduo.

Ele era competente, mas não era leal.


Em resumo, alguns conectivos geram conexões restritas a duas frases e outros, conexões amplas indeterminadas em número de frases, em que o conectivo se repete intercalado entre as frases.

Tipos de conexões

Conexões Aditivas

São conexões amplas e comutativas de frases. O conectivo típico dessa classe é e, utilizado juntamente com o morfema pausa quando em conexões amplas.

Ele escreve bem, tem boa didática e se relaciona bem com os alunos.

Ele se relaciona bem com os alunos, escreve bem e tem boa didática.

Conexões negativas

São conexões amplas e comutativas de frases. O conectivo típico dessa classe é nem que equivale a não.

Não viajou e não descansou.

Não viajou, nem descansou.

Nem viajou, nem descansou.

Nem descansou, nem viajou.


Conexões Alternativas

São conexões amplas e comutativas de frases. O conectivo típico dessa classe é ou.

Aumentamos o preço ou vendemos com prejuízo.

Ou aumentamos o preço
ou vendemos com prejuízo.

Ou vendemos com prejuízo ou aumentamos o preço.


Conexões Adversativas

São conexões restritas e comutativas de frases. O conectivo típico é mas.

Arrependeu-se depois, mas ficou feliz com a compra.

Ficou feliz com a compra, mas arrependeu-se depois.

Denotação X Conotação

Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "estado de dicionário".

Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias associadas, de ordem abstrata, subjetiva.

Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades por associações que ela provoca

O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e conotação:



Exemplo:

Há um quadro PREGADO na parede. (sentido denotativo)

O menino ficou com os olhos PREGADOS na garota. (sentido conotativo)

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Teste de ortografia

Que opção completa corretamente a frase “Não sei ___________ a ___________ ainda não foi feita”?
(a) porque – análise;
(b) por que – análise;
(c) porque – análize;
(d) por que – análize.
Resolva e depois veja a resposta correta nos comentários.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Recebimento das redações

Queridos alunos e alunas,

todas as redações nos foram enviadas na semana passada pelas escolas filiadas LFG de todo o Brasil. Esta semana encaminhamos ao corretor, que provavelmente nos retornará semana que vem, quando reenviaremos os textos corrigidos para vocês. Não se esqueçam de que estamos falando de todo o Brasil e de que se trata de um processo logístico, envolvendo o prazo dos Correios e distâncias, às vezes, de milhares de quilômetros.

Não deixem de fazer todas as propostas, está bem?

sábado, 2 de junho de 2007


Água-com-açúcar no Vietnã

Uma das constantes do telejornalismo é transformar as notícias em pequenos capítulos de um melodrama interminável. O que vale é o sentimentalismo: é preciso comover a platéia pois, como se sabe, público emocionado é público cativo. Por isso, na TV, emoção é mais importante que informação.

Mas poucas vezes essa receita lacrimosa foi tão escancarada como numa reportagem que foi ao ar no Fantástico de 8 de junho — tão escancarada que merece comentário. Nela, uma vítima da Guerra do Vietnã, Kim Phuc, faz as pazes com o seu agressor, o capitão John Plummer. Kim talvez seja a face mais famosa da guerra. Em junho de 1972, aos 9 anos, ela apareceu numa foto histórica: corre nua por uma estrada, chorando, fugindo do bombardeio que se vê ao fundo. Agora, passados 25 anos, ela vai encontrar os personagens da sua tragédia de infância:o fotógrafo, a médica, o capitão que ordenou o bombardeio. Quem apresenta é Cid Moreira: “O Fantástico acompanhou essa viagem marcada por risos, emoção, lágrimas e pelo sentimento do perdão”.

Kim revê a todos e, no fim, abraçada ao capitão que despejou as bombas incendiárias sobre ela, diz que o perdoou. Ao contrário dos outros, o capitão não chora no vídeo, mas Kim cuida de avisar ao público que, longe das câmaras, os dois choraram juntos. Como numa novela mexicana: os personagens choram sem parar e, no fim, perdoam-se. Tudo fica bem.

Na tela, imagens do passado (Kim desesperada sob as bombas napalm) se fundem com o presente (Kim aconchegada nos braços do capitão) para produzir um final feliz, tipicamente melodramático. A história real vira um videoclipe compungido e, no fim das contas, o vencedor, antes truculento, readquire sua humanidade. Até chora!

Por que é que a televisão não promove o mesmo espetáculo com um sobrevivente dos campos de concentração de Hitler reconciliando-se com seu ex-carcereiro? Porque, no melodrama do telejornalismo que hoje vigora, os nazistas são vilões — a imoralidade do gesto ficaria evidente. E por que uma vítima do Vietnã pode aninhar-se no ombro de quem quase a matou com napalm? Porque, segundo o mesmo melodrama, os americanos são os mocinhos. Por isso, o perdão de Kim não é o perdão que liberta o ofendido, mas aquele que se destina a redimir o ofensor. O capitão, pobrezinho, não fez por mal. Obedecia a ordens. Ninguém teve culpa.

O jornalismo lida com fatos, mas, nesse tipo de show, as “boas” intenções ficam acima dos acontecimentos. Dizem que hoje o público sofre um bombardeio de informação, mas é mentira. O público sofre um bombardeio de lágrimas. De crocodilo.

(BUCCI, Eugênio. VEJA, 18/06/97.)

Literatura: Parnasianismo (resumo dos conceitos-chave)


[Vista do Monte Parnaso, na Grécia. O local mítido, morada das musas e do templo de Apolo, era tido como o centro do mundo para os poetas (até Cervantes, séculos depois, dedicou-lhe o poema Viaje Del Parnaso, 1614).]
Entre 1860 e 1866, na França, um grupo de poetas se agrupa com o propósito de elaborar uma poesia baseada no ideal da

“arte pela arte”

Preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não tem nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso. É auto-suficiente e justifica-se apenas por sua beleza formal.

No Brasil, no final da década de 1870, a partir do Rio de Janeiro, uma nova geração de poetas critica o conservadorismo e a pieguice dos românticos. A poesia parnasiana se instaura ao longo da década de 1880 e perdura até o final do século XIX e início do século XX. Predomina na Literatura Brasileira por cerca de 40 anos.
Reação ao Romantismo, que tinha como características:

- sentimentalismo
- individualismo
- lirismo intimista
- liberdade de composição

Em oposição, a proposta Parnasiana propunha:

- Culto à Beleza
- Arte elitista (para poucos)
- Objetividade (nada de poemas com sofrimentos pessoais).
- Impassividade
- Esforço e não inspiração
- Universalismo (referências constantes às lendas indianas, à pintura japonesa, às porcelanas chinesas, à mitologia grega e a episódios da história romana.)

Serenidade, equilíbrio, harmonia e calma nos poemas.

- Plasticidade estética (forma pura)
- Sofisticação da linguagem
- Técnica requintada
- Rigor estilístico
- Apuro / Preciosismo
- Rigidez e perfeição formal
- Observação detalhada (formas, linhas e cores)
que resultava na poesia-pintura e na poesia-escultura.

Poeta é como um ourives e o poema, uma jóia.

- Palavras e rimas raras

Rima pobre:
substantivo com substantivo
coração / paixão
amor / dor / flor
pensava / cantava

Rima rica:
escrevo / relevo
dezenas / apenas
mais / pombais

- Ritmo
- Métrica
- Preferência pelo soneto (quatro estrofes / duas com quatro versos / duas com três versos)
Normalmente com versos decassílabos ou alexandrinos.

Sílaba poética x Sílaba gramatical

Porque a Beleza, gêmea da Verdade, (...)

Quando uma virgem morre, uma estrela aparece, (...)

Encerrar o poema com
“chave de ouro”

Tríade parnasiana

Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não no mundo exterior.

São, geralmente, considerados pela crítica como seus três maiores poetas:

- Alberto de Oliveira
- Raimundo Correia
- Olavo Bilac

(da esquerda para a direita)

Alberto de Oliveira (1857-1937)

Publicou seu primeiro livro de poesia, "Canções Românticas", em 1878. Na época, trabalhava como colaborador do Diário, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não chegou a conclui-lo. Na época, publicou "Meridionais" (1884), e em seguida "Sonetos e Poemas" (1886) e "Versos e Rimas" (1895). Foi inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897 tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou "Lira Acaciana" (1900), "Poesias" (1905), "Ramo de Árvore" (1922), entre outras obras poéticas. Foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978 foram publicadas suas "Poesias Completas". Alberto de Oliveira é um dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.

Fonte:
Mais sobre ele em:

Horas Mortas

Breve momento após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.

Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.

Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas
Tornando logo à etérea imensidade;

E na mesa em que escrevo apenas fica
Sobre o papel — rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.

Alberto de Oliveira

Raimundo Correia (1859-1911)

Nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas maranhenses. Filho de família de classe elevada, foram seus pais o desembargador José da Mota de Azevedo Correia e Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Corrêa ambos naturais do Maranhão. Seu pai descendia dos Duques de Caminha e era filho de pais portugueses. Realizou o curso secundário no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em 1882 formou-se advogado pela Faculdade do Largo São Francisco, desenvolvendo uma bem-sucedida carreira como Juiz de Direito no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Teve um sobrinho que levou seu nome, filho de seu tio José da Mota de Azevedo Correia, Raimundo Correia Sobrinho, formado em direito e poeta como o tio, que teve um livro de poesias "Oração aos Aflitos" publicado em 1945 pela Livraria José Olympio Editora.
Raimundo Correia iniciou a sua carreira poética com o livro "Primeiros sonhos", revelando forte influência dos poetas românticos Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Em 1883 com o livro "Sinfonias", assume o parnasianismo e passa a integrar, ao lado de Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, a chamada "Tríade Parnasiana".
Os temas adotados por Raimundo Correia giram em torno da perfeição formal dos objetos. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando até a ser sombria. Ao analisar a obra de Raimundo Correia percebe-se que há nela uma evolução. Ele iniciou sua carreira como Romântico, depois adotou o Parnasianismo e, em alguns poemas aproximou-se da escola Simbolista. Faleceu a 13 de setembro de 1911, em Paris, onde fora tratar da saúde.
Fonte: Wikipedia
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O Monge

—"O coração da infância", eu lhe dizia,
"É manso." E ele me disse:—"Essas estradas,
Quando, novo Eliseu, as percorria,
As crianças lançavam-me pedradas..."

Falei-lhe então na glória e na alegria;
E ele—alvas barbas longas derramadas
No burel negro—o olhar somente erguia
Às cérulas regiões ilimitadas...

Quando eu, porém, falei no amor,
um riso Súbito as faces do impassível monge
Iluminou... Era o vislumbre incerto,

Era a luz de um crepúsculo indeciso
Entre os clarões de um sol que já vai longe
E as sombras de uma noite que vem perto!...

Raimundo Correia

Olavo Bilac (1865-1918)

Olavo Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 — Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira dos Guimarães Bilac, após o término de sua educação, iniciou o curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que não chegou a concluir. Tentou, então, a Faculdade de Direito de São Paulo que também não concluiu.

De volta ao Rio de Janeiro, passou a dedicar-se à literatura. Começou a trabalhar no jornal A Cidade do Rio, junto com José do Patrocínio. Neste jornal, conseguiu ser indicado correspondente em Paris no ano de 1890. De volta no ano seguinte, iniciou o romance "O esqueleto", em colaboração com Pardal Mallet, que foi publicado no jornal Gazeta de Notícias em forma de folhetins e sob o pseudônimo de Vítor Leal.

Publicou inúmeras crônicas literárias no jornal A Notícia e colaborou com outros tantos jornais como A Semana, Cosmos, A Cigarra, A Bruxa e A Rua. Na qualidade de jornalista, foi grande incentivador do serviço militar obrigatório e da criação do Tiro de guerra.

É como poeta, contudo, que Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração.

É também autor da letra do Hino à Bandeira, entre as suas obras podemos considerar um soneto que se refere à língua portuguesa onde esta era apelidada de "Última Flor do Lácio" - aliás, o nome do próprio poema.

Fonte: Wikipédia

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Texto crítico

"No meio do caminho" é o que se pode chamar de poema-escândalo. Publicado pela primeira vez na modernista Revista de Antropofagia, em 1928, deflagrou uma saraivada de críticas na imprensa.

Violentos, irônicos, corrosivos, os críticos simplesmente desancavam o autor dos versos e diziam, em suma, que aquilo não era poesia.

Reacionários e gramatiqueiros, eles se sentiam provocados pelas repetições do poema e pelo "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra".

Este é o poema mais característico da poesia que celebra o acontecimento como tema poético. A repetição exaustiva do acontecimento cria evidentemente uma sonoridade hipnotizante, sugerindo uma espécie de idéia fixa que mantém o eu-lírico preso ao fato surpreendente. A estrutura do poema colabora para que essa fixação ganhe realce visual, porque coloca em evidência a informação "tinha uma pedra no meio do caminho", isolada por dois versos idênticos (primeiro e último da 1ª estrofe). Esquema semelhante se verifica na 2ª estrofe.

As insistentes repetições e a linguagem simples constituíram motivo de muita polêmica e de diversas interpretações. De todo modo é inegável a originalidade com que Drummond expressa a situação de dificuldade, de impedimento, de impasse que surpreende o homem. É interessante perceber também o modo inventivo com que o poeta invoca e brinca com a tradição: imita a Divina comédia, de Dante Alighieri, que assim inicia a descida ao Inferno: "No meio do caminho da nossa vida, tendo perdido a rota verdadeira, achei-me embaralhado em selva tenebrosa". De modo bem humorado, lembra também o encontro de um grande amor, cantado por Bilac no soneto.

Além do título, que remete não só a Bilac, mas também a Dante Alighieri (o primeiro verso da Divina Comédia é "Nel mezzo del camin de nostra vita"), Drummond imitou o esquema retórico do soneto bilaquiano, isto é, em vez de parodiar o significado, promoveu um tipo especial de paródia: empenhou-se na imitação irônica da estrutura, reproduzindo apenas o quiasmo (repetição invertida) do texto, sem deixar de aludir rapidamente à imagem dos olhos, no centro do poema. Perceber que "No Meio do Caminho" se baseia na reiteração irônica de uma figura da retórica clássica é já captar parte de seu significado, que decorre da intenção de acusar o cansaço da tradição. Além disso, Drummond atribui dimensão alegórica ao vocábulo pedra, que pode ser entendido como símbolo dos obstáculos que a gente encontra na vida, conforme sugeriu Antônio Cândido.

Hélio Consolaro