quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Romance machadiado

Machado de Assis é o grande romancista brasileiro do século XIX.

A primeira fase da prosa machadiana, que engloba sua produção até o ano de 1880, pode ser considerada como um período autenticamente Romântico, embora o seu Romantismo não seja tão sentimental e os seus personagens não sejam tão lineares como os dos demais autores desse período. No entanto, sua narrativa ainda é muito linear, ou seja, tem começo, meio e fim bem demarcados.
A segunda fase da prosa de Machado de Assis inicia-se com a publicação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Nessa fase fica claro o amadurecimento do escritor. Seus personagens, mais elaborados, são construídos sob a ótica da psicologia e nos revelam o egoísmo, o pessimismo e o negativismo do ser humano. Machado evoluiu também na técnica de composição: as suas frases e os capítulos de suas obras passaram a ser curtos e a preocupação em se estabelecer uma "conversa" com o leitor passou a ser mais freqüente. Além disso, nessa fase temos ainda a ironia, o estudo da alma feminina, a análise mais apurada da sociedade brasileira da época e uma severa crítica aos valores Românticos.

A complexidade de sua obra se reflete:

- na caracterização psicológica de suas personagens

- e no retrato criado para a sociedade da época.

A paisagem preferida é a humana, expressa através de sutilezas que dão originalidade ao trabalho.

Os temas comuns são: o adultério, o casamento, visto como forma de comércio ou troca de favores, a exploração do homem pelo próprio homem.

As mulheres são o ponto forte da criação machadiana. A figura feminina representa mulheres recatadas, sedutoras, adúlteras, fatais e dominadoras. Elas estão presentes também em seus contos, cerca de quase duzentos.

A narrativa apresenta peculiaridades que denotam a preocupação consciente do escritor com a linguagem.

Constantemente, o leitor é convocado a participar da história que revela sua forma ficcional, estabelecendo uma metalinguagem, ou seja, a obra chama atenção para sua ficcionalidade, volta-se para si mesma, na tentativa de se examinar, como a justificativa que se encontra no primeiro capítulo de Dom Casmurro, tentando explicar o título do livro.

A descrição do caráter das personagens é, muitas vezes, ambígua, permitindo diferentes opiniões. O narrador vai contando a história em meio a ironias e ceticismo, compondo um humor de difícil definição, mas que se revela em desdém contra as convenções humanas, ridicularizando-as, desnudando as hipocrisias mais íntimas, criando tipos imortais.

A obra reflete, também, as leituras do escritor, demonstrando estar em sintonia com o espírito da época.

Escreve com correção e bom gosto, aproxima a linguagem escrita da falada, expondo modismos.

Os livros de Machado de Assis foram traduzidos para várias línguas e têm sido objeto de estudo de inúmeros pesquisadores nacionais e internacionais.

Sua obra pode ser dividida em duas fases:

ROMÂNTICA
- a primeira apresenta características do Romantismo sob a influência de José de Alencar, mas revela o que há de melhor no escritor cearense, enaltecendo o aspecto urbano e social, formadores do indivíduo.

Ainda, nesse período, escreve grande parte de sua obra teatral.

REALISTA
- é a segunda fase, porém, com características de Xavier de Maistre, que demonstra a independência do autor brasileiro, inaugurando o Realismo no Brasil.

Alfredo Bosi afirma que é nessa fase que o escritor desenvolve a "análise das máscaras que o homem afivela à consciência tão firmemente que acaba por identificar-se com elas".

O trabalho que marca a mudança de rumo do prosador é "Memórias Póstumas de Brás Cubas", destacando-se também "Quincas Borba".