segunda-feira, 8 de junho de 2009

O que é texto?

A pergunta parece óbvia, mas não é. Em lingüística, a noção de texto é ampla e aberta, sem uma definição precisa. Seu estudo inclui textos verbais (orais e escritos) e não-verbais (linguagem corporal ou gestualidade, imagens, gráficos, tabelas, cartazes, peças musicais etc.), além de permitir a interação de ambos, como numa história em quadrinhos, por exemplo, em que aparecem, ao mesmo tempo, desenhos e frases escritas.

Podemos, em linhas gerais, considerar que texto é uma manifestação lingüística das idéias de um autor, interpretadas pelo leitor, sempre de acordo com seus conhecimentos da língua e seu repertório cultural, que são determinados por fatores objetivos e subjetivos, como sua visão de mundo, sensibilidade, nível social, formação, escolaridade, idade, localização geográfica, lugares onde morou, profissão, entre outros.

Além disso, na produção e recepção de um texto, existe uma série de fatores que contribui para construir o seu sentido. Fazem parte desse processo as peculiaridades de cada ato comunicativo, ou seja, as intenções do produtor, o jogo de imagens mentais que os interlocutores fazem de si e entre si, do outro e do tema do discurso. A textualidade abrange também o contexto sociocultural em que se insere o discurso, uma vez que delimita os conhecimentos pontilhados pelos interlocutores. Uma outra particularidade do texto é o fato de que ele se constitui numa unidade semântica.

Todos esses fatores influenciam decisivamente a maneira como se fala e se entende, em qualquer parte do mundo, em qualquer idioma.

De acordo com a filósofa Marilena Chauí, um texto contém, em si, muitos outros textos. Aquele que lê, não lê apenas, passivamente palavras. Mas, ao efetuar sua leitura, produz, no exercício da interpretação, um outro texto que lhe é próprio. O leitor é, neste sentido, co-autor de uma obra que se perpetua, justamente pela sua possibilidade de ser re-lida e, portanto, reescrita.

Leitor aqui deve ser entendido em seu sentido mais amplo. Desta forma, podemos “ler” uma tabela, um gráfico, uma foto, um vídeo, um poema, uma carta etc. Esse leitor pode ser um ouvinte, um espectador, ou seja lá qual for a melhor denominação, dependendo do papel que ocupa e do tipo de texto em questão. Todos somos autores e leitores. Em outras palavras, todos somos emissores e receptores dessas mensagens de diversas naturezas que chamamos de texto.

Vamos percorrer o que dizem alguns autores sobre o tema:

"Um texto é uma ocorrência lingüística, escrita ou falada de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso."

“Uma ocorrência lingüística, para ser texto, precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo. Ainda, o texto caracteriza-se por apresentar uma unidade formal, material. Os elementos lingüísticos que o formam devem ser reconhecivelmente integrados, de modo a permitirem que ele seja apreendido como um todo coeso”

Maria da Graça Costa Val em “Redação e textualidade”, 2ªed., Martins Fontes, 1999

“O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e transmissão de idéias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais. Tal como o texto escrito, todos esses objetos geram um todo de sentido (...)”

Luiz Roberto Dias de Melo & Celso Leopoldo Pagnan em “Prática de texto: leitura e redação”, W3 Editora, 2003.

“Em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno.”

Elisa Guimarães em “A articulação do texto”

“Chama-se texto o conjunto dos enunciados lingüísticos submetidos à análise: o texto é, então, uma amostra de comportamento lingüístico que pode ser escrito ou falado.”

Luana Medeiros Bonetti

O interesse pelo texto como objeto de estudo gerou vários trabalhos importantes de teóricos no campo da Lingüística Textual, que percorreram fases diversas cujas características principais eram transpor os limites da frase descontextualizada da gramática tradicional e ainda incluir os relevantes papéis do autor e do leitor na construção de textos.

Fique atendo para alguns exemplos de textos a seguir.

Um comentário:

O Mundo de Nesquik disse...

olha gostei de tudo oque estava escrito ai tem muitas pessoas que ainda não sabem o que é um texto de verddade, e isso tudo me ajudou muito porque eu tenho um certo reseio de interpretração de texto não sou muito boa ,mas agora tive mais conhecimentos; Parabêns pelo seu trabalho.