Os jesuítas abrem as cortinas
O teatro no Brasil teve inicio com os jesuítas, cerca de 50 anos após o descobrimento do país. O primeiro grupo de missionários jesuítas que desembarcou na Bahia era composto de quatro sacerdotes, dentre eles o padre Manoel da Nóbrega, e alguns jovens que ainda não haviam sido ordenados. Poucos anos depois, com outro grupo, chega o padre José de Anchieta, que tinha então apenas 19 anos.
Enquanto a população portuguesa no Brasil, composta, em sua maioria, por aventureiros e criminosos, ocupava-se da construção de fortificações e da ocupação da costa, os jesuítas se preocupavam em estabelecer contatos e catequizar os indígenas. Nesse trabalho, enfrentavam não só a desconfiança dos indígenas como também dos próprios portugueses, que já haviam se habituado a uma vida desregrada, distante dos preceitos religiosos. Os missionários agrupavam os índios, formando aldeias onde podiam exercer a catequese com maior eficácia, ao mesmo tempo em que tentavam manter os nativos a salvo da avidez dos seus compatriotas.
Os jesuítas recebiam, em sua ordem, ensinamentos de técnicas teatrais, que consideravam mais eficazes e fascinantes para a educação religiosa do que, por exemplo, os sermões. Começaram, então, a misturar os costumes, máscaras, pinturas e elementos do cotidiano indígena aos seus apólogos educativos, o que resultava em espetáculos quase sempre litúrgicos, de cunho eminentemente apostolar, nos quais se juntavam anjos e flores nativas, santos e bichos, demônios e guerreiros, além de figuras alegóricas, como o Temor a Deus e o Amor de Deus.
Essa junção do religioso com o dramático já havia sido feita na China, Índia, México e outras terras. Porém, nesses locais, ao contrário daqui, já havia uma produção teatral.
Enquanto a população portuguesa no Brasil, composta, em sua maioria, por aventureiros e criminosos, ocupava-se da construção de fortificações e da ocupação da costa, os jesuítas se preocupavam em estabelecer contatos e catequizar os indígenas. Nesse trabalho, enfrentavam não só a desconfiança dos indígenas como também dos próprios portugueses, que já haviam se habituado a uma vida desregrada, distante dos preceitos religiosos. Os missionários agrupavam os índios, formando aldeias onde podiam exercer a catequese com maior eficácia, ao mesmo tempo em que tentavam manter os nativos a salvo da avidez dos seus compatriotas.
Os jesuítas recebiam, em sua ordem, ensinamentos de técnicas teatrais, que consideravam mais eficazes e fascinantes para a educação religiosa do que, por exemplo, os sermões. Começaram, então, a misturar os costumes, máscaras, pinturas e elementos do cotidiano indígena aos seus apólogos educativos, o que resultava em espetáculos quase sempre litúrgicos, de cunho eminentemente apostolar, nos quais se juntavam anjos e flores nativas, santos e bichos, demônios e guerreiros, além de figuras alegóricas, como o Temor a Deus e o Amor de Deus.
Essa junção do religioso com o dramático já havia sido feita na China, Índia, México e outras terras. Porém, nesses locais, ao contrário daqui, já havia uma produção teatral.
A Companhia de Jesus impunha aos seus missionários o aprendizado da língua da terra onde estivessem em missão. Assim, em pouco tempo os jesuítas aprendiam as línguas indígenas e ensinavam aos índios o português e o espanhol.
A partir de 1557 começa a haver uma incessante atividade teatral, praticada não só pelos jesuítas e indígenas como também pelos próprios colonos, seduzidos pelas mensagens moralistas e pela beleza dos eventos, que eram realizados em datas festivas e ocasiões especiais.
Inicialmente, encenavam-se autos e peças religiosas trazidas de Portugal, porém logo deu-se início a uma produção dramaturgica local. Movidos mais pelo espírito missionário do que pelo desejo de reconhecimento artístico, boa parte dessas obras não era assinada, e pouco cuidado se dedicava à sua conservação. Por isso, o que nos chegou desse período foram uns poucos manuscritos, atribuídos ao padre José de Anchieta, e duas cartas do padre Fernão Cardim, datadas de 1590. Nessas cartas há descrições detalhadas de inúmeras apresentações teatrais na Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e outros locais, tendo como platéias não só os indígenas e os colonos como também as famílias que aqui iam se constituindo e as autoridades políticas e religiosas. Esses relatos surpreendem por descreverem encenações extremamente sofisticadas para a época e condições em que aconteciam, envolvendo grande número de participantes, cenários, instrumentos musicais, fogos de artifício, etc. Num relatório de atividades enviado aos superiores da Companhia de Jesus, um outro padre narra a grande comoção que essas encenações causavam no público.
Dentre os textos cuja autoria é atribuída ao padre José de Anchieta, figuram diversos autos, como o "Auto da Pregação Universal", representado diversas vezes, o "Auto da Crisma", o "Auto das Onze Mil Virgens" e aquele que é tido como sua obra-prima: "Na festa de São Lourenço", composto por cerca de 1.500 versos em tupi (a maior parte), espanhol, português e guarani.
Paralelamente a esse teatro com finalidades de catequese e de doutrinação, os jesuítas mantinham também uma atividade teatral em latim, praticada pelos estudantes dos colégios da Companhia de Jesus. Em todos os casos, as peças eram sempre revestidas de valores morais. Raras foram as comédias e tragédias representadas nesse período. Não havia qualquer tipo de alusão ao amor profano, e as personagens femininas (geralmente as santas) eram sempre interpretadas por homens travestidos, já que as mulheres eram terminantemente proibidas de participarem das encenações, para se evitar excessos de entusiasmo nos jovens.
Como não existiam locais destinados às representações teatrais, estas aconteciam nas praças, nas ruas e dentro dos colégios e igrejas. Algumas encenações foram feitas nas praias, utilizando a própria natureza como cenário.
O envolvimento e a paixão dos jesuítas pelo teatro era tamanha que o bispo Fernandes Sardinha chegou a declarar-se assustado com o que ele chamou de "excessos teatrais" dos missionários, que, além de escrever os textos e coordenar as montagens, não hesitavam em representar, cantar e até dançar. Por causa desses tais excessos, vários missionários foram censurados publicamente pelo bispo - dentre eles o padre Manuel da Nóbrega.
Um comentário:
Muito Bom me Ajudo muito.
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